África em Dez Imagens
A diversidade da África
Mulheres do povo Masai, no Quênia, em 2000. O povo Masai habita as savanas
africanas, em uma área que se estende do norte da Tanzânia até o Quênia. Povo
de tradição guerreira, os Masai levavam uma vida nômade e pastoril.
Ao contrário do que muitos pensam, de que a África é um continente homogêneo, onde todos falam a mesma língua, têm a mesma cor de pele e o mesmo desenvolvimento tecnológico e compartilham um passado comum, na África existem muitos povos com diferentes culturas, costumes e crenças, por isso há mais de 1000 línguas e dialetos diferentes.
As pessoas geralmente tem uma ideia de que a África é um lugar pobre, onde há baixa expectativa de vida e baixo desenvolvimento tecnológico Essas ideias torcidas desqualificam a cultura africana. Poucas pessoas fazem referência ao continente africano destacando sua tecnologia, produção intelectual, os impérios antigos, os músicos e os artistas.
Nesta postagem iremos mostrar este outro lado da África pouco conhecido.
O Rico Passado da África
Ruínas do grande Zimbábue, foto de 1990. No detalhe, as muralhas da cidade.
Apesar do passado africano não ser muito reconhecido, existiam povos que deixaram importantes registros escritos e arqueológicos que comprovam os avanços técnicos da região. Na história da África existiram alguns impérios:
-O Reino de Gana, que floresceu graças ao comércio que se estabeleceu entre árabes e ganeses. Seus reis eram chamados de "Senhores do Ouro", pois o ouro era a mais importante riqueza do Reino de Gana.
-O Reino do Songai, que dominou o Reino de Gana e, durante um século, os obrigou a pagar impostos, e com esse dinheiro formou um poderoso exército. Foram muitos os motivos que colocaram o Reino em decadência, houveram muitas batalhas até o século XIII, quando os últimos territórios foram incorporados ao Reino de Mali.
-O Reino Ioruba era um reino tipicamente urbano, detentor de uma economia diversificada e ofícios especializados. A maioria dos escravos trazidos para a Bahia eram Iorubas e por isso sua cultura deixou forte marca na cultura afro-brasileira.
-O Reino de Benin tinha um forte comércio com os europeus, vendiam produtos como pimenta e marfim, tecidos e escravos eram comercializados ativamente. Os reis, conhecidos como "os obas", eram protetores de artesãos e artistas. No século XIX , foi dominado pelos ingleses.
-O Reino do Congo foi fundado no século XIV e possuía diversas províncias. Os comerciantes congoleses lucravam com a venda de tecidos, sal, metais e derivados de animais, o contato com os portugueses tornou o comércio deles internacional. A partir de contato do rei de Congo com Diogo Cão, navegador português, começou a assimilação destas duas culturas, tornando cristão o reino do Congo.
-O Reino de Mali se desenvolveu entre os séculos XIII e XIV, na bacia do rio Níger e expandiu-se, dominando importantes cidades, como Tombuctu, que se tornou um dos principais centros culturais da África. No mesmo século em que expandiu-se, o império começou a enfraquecer.
Tombuctu
Tombuctu, no atual Mali, foi a principal cidade do Norte da
África e pode ser considerada o maior entreposto da região.
A gravura representa a primeira universidade construída por
árabes no núcleo urbano de Tombuctu.
Tombuctu era um dos principais centros culturais do continente africano. Possuía vastas bibliotecas, universidades islâmicas e magnificas mesquitas. A cidade era um ponto de encontro de poetas, intelectuais e artistas da África e do Oriente Médio. Tombuctu foi fundada cerca do ano 1100 pela sua proximidade com o rio Níger para servir às caravanas que traziam sal das minas do deserto do Saara para trocar por ouro e escravos trazidos do sul por aquele rio. Tombuctu fazia parte do poderoso império do Mali, que controlava o lucrativo negócio do sal por ouro em toda a região, estando ligada à cidade de Yenné através do comércio do sal, de cereais e do ouro. A sua função comercial era acompanhada de uma função militar. Tombuctu, que foi habitada por muçulmanos, cristãos e judeus durante centenas de anos, foi sempre um centro de tolerância religiosa e racial. As culturas locais misturaram-se, mas conservaram as suas distintas tradições. Essa idade de ouro terminou quando um exército marroquino destruiu o império Songai.
A desertificação e a acumulação de areia trazida pelo vento seco já destruíram a vegetação, o abastecimento em água e muitas estruturas históricas da cidade. Depois de Tombuctu ter sido inscrita na lista do Patrimônio Mundial em Perigo, a UNESCO iniciou um programa para conservar e proteger a cidade.
Religião
Representação do orixá Obaluaê. Com o xaxará, feixe de
palha de dedenzeiro enfeitado com búzios e contas, a
divindade varre as doenças e impurezas , retira as energias
negativas das casas e das pessoas.
Existem muitas religiões africanas, o que dificulta seu estudo. Uma característica comum entre elas é o culto aos animais e à natureza. Uma crença muito comum no Brasil que teve origem africana, é a veneração a divindades conhecidas como orixás. A expansão do islamismo na África provocou mudanças na religião, muitos povos foram convertidos ao Islã, assim aprenderam a ler e escrever.
Família e Vida Cotidiana
Estátua em madeira da Senhora Mi, do período Amarna, feita entre
1567 a 1320 a.C.. A maternidade inspirou artistas da época.
Na maioria das culturas africanas a fertilidade era tributo essencial para homens e mulheres. As pessoa inférteis sofriam desprezo pela sociedade. As famílias mais importantes da sociedade eram as que mais tinham filhos. Mulheres férteis eram muito disputadas, o que gerou muitos conflitos ao longo da história africana. As moradias eram de pedra ou de misturas de barro e dendê, sendo essas pouco resistentes e por isso existem poucos vestígios arqueológicos da cultura africana.
Haviam grandes cidades em várias regiões, nessas cidades a vida urbana era ativa e o comércio era muito forte.
Um Olhar Estrangeiro Sobre a África
Detalhe de um mapa europeu da África, datado de 1447.
Observe que, no imaginário europeu, a África era habitada por
povos exóticos e seres fantásticos.
"Toda esta região é ocupada por homens ocultos e só seus olhos são visíveis eles vivem sob a tenda e cavalgam sobre camelos"-Atlas Catalão, 1378-80. Bilioteca Nacional da França.
Isso mostra a imagem da África, que existia na Idade Moderna na europa. Na Idade Média acreditava-se que a África estava ligada ao demônio, pois o demônio era representado sempre pela cor negra. Voltando no tempo os gregos chamavam os africanos de etíopes (em grego, homens de pele negra). Como você pode ver, os africanos eram sempre tratados pela cor da pele.
Comércio de Metais
Moedas europeias do século XIII produzidas com ouro
estraído das minas da África ocidental. As moedas foram
usadas como meio de troca no comércio intercontinental.
A África tem muitas riquezas minerais como diamantes, ouro, cobre, urânio entre outros.Já na Idade Moderna havia exploração de metais na África, que eram na maioria das vezes vendidos aos europeus.
Atualmente a Zâmbia, República Democrática do Congo e a África do Sul são os maiores exportadores de cobre no mercado mundial. Na África e na Zona da antiga União Soviética encontram-se as reservas mundiais de minerais para várias indústrias das quais os EUA são inteiramente dependentes. Metade do cobalto do planeta está na República Democrática do Congo; 98% das reservas mundiais de cromo estão no Zimbábue e na África do Sul, que também concentra 90% das reservas de metais do grupo de platina. O continente Africano corresponde a 2% do comercio mundial fundamentalmente porque sua matéria-prima vendesse a preços baixos. Por causa da pobreza, violência e fome.
Comércio de Animais e Alimentos
Porto de Zanzibar, em pintura do século XIX. Desde o século
II a.C. as ilhas de Zanzibar, a Tanzânia, eram exploradas por
navegadores que lá buscavam marfim, chifres de rinoceronte, cascos
de tartaruga, peles de animais e outros produtos para comercializar.
As regiões ao longo das rotas comercias foram muito favorecidas, assim deram origem á vários impérios. O comércio entre os africanos possibilitou o intercambio cultural entre diversos povos do continente.
Os europeus ficavam encantados com os exóticos animais da África e também saboreavam os alimentos africanos, como o trigo, a pimenta-malagueta, a canela, que ajudava na durabilidade dos alimentos.
Atualmente o mercado de trafico de animais movimenta 39 bilhões de dolares por ano.
A Escravidão na África
Captura de negros na costa africana, pintura
do século XVIII, autor desconhecido.
A escravidão existia desde os tempos mais remotos, mas só teve um impacto decisivo na África na era Moderna, pois acredita-se que de nove á dez milhões de africanos foram vendidos como escravos e cerca de vinte ou trinta milhões de pessoas morreram por causa do tráfego. Assim, houve uma desintegração de inúmera sociedades africanas. Apesar de todas as riquezas, minerais e alimentícias, o escravismo se tornou fundamental para a economia africana, especialmente no que diz respeito ao comércio exterior.
A Cultura Africana no Brasil
Jogando capoeira, litografia de Rugendas, século XIX. A capoeira
foi uma luta corporal inventada pelos escravos africanos no Brasil para se
defender da violência da escravidão. Para disfarçar suas verdadeiras
intenções, os cativos gingavam como se estivessem dançando.
Entre os vários grupos africanos que foram levados para trabalhar nos engenhos de açúcar do nordeste brasileiro no período colonial, predominou o grupo que falava idiomas da família linguística banto ou bantu, que significa seres humanos. Deixaram parte de seus costumes e sua arte, como por exemplo o berimbau, o samba, o maracatu e o candomblé-de-angola.
A língua portuguesa
falada no Brasil recebeu fortes influências africanas, termos como batuque,
moleque, benze, macumba. catinga, e muitos outros passaram a ser usados no
país.
Fonte: BRAICK, Patrícia Ramos. MOTA, Myriam Becho. História:
Das cavernas ao terceiro milênio. São Paulo. Moderna. 2006.
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